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Tecnologia e Educação: disruptura, inflexão e redimensionamento
Prof. Dr. Roberto
Bondarik
Palestrante,
Membro
da Academia de Letras
Artes e Ciências de Cornélio Procópio (ALACCOP),
Docente e
Pesquisador da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Desenvolvimento,
tecnologia, indústria, trabalho e educação permeiam o atual momento que é de
mudanças e incertezas. A tecnologia advém do conhecimento e promove impactos
profundos na humanidade que já passou por três Revoluções Tecnológicas,
transformadoras da sobrevivência e convivência social. Revolução significa
mudança de paradigmas, disruptura de conceitos e inflexões que redimensionam os
recursos humanos e materiais de uma sociedade exigindo preparo e melhor
educação.
A primeira entre um
milhão e 400 mil anos atrás, o domínio do fogo que aqueceu, melhorou e conservou
os alimentos e sua absorção. Imaginam-se grupos humanos em torno de uma
fogueira protegendo-se de predadores, conversando, trocando experiencias,
transferindo conhecimento em um processo civilizador que moldou nossa evolução.
A educação nasceu destas interações. A segunda, há dez mil anos, protagonizada
pela agricultura e pecuária, melhorou a alimentação, sedentarizou grupos
humanos, erigiu cidades e o Estado, gerando necessidades e o desenvolvimento de
novas habilidades e capacidades que, supridas eram ensinadas às novas gerações.
Aprendeu-se a trabalhar o cobre, o bronze e o ferro. Produziram-se riquezas,
guerras e destruição, mas a colaboração prevaleceu e a humanidade sofisticou-se
material, social e intelectualmente. A terceira foi a Industrial, surgida na
Inglaterra do século XVIII. A produção a ser feita por máquinas, substituindo a
força e as habilidades humanas. Suprimiu formas de organização do trabalho, fez
surgir novas profissões, habilidades e necessidades. Transformações intensas
que ainda não cessaram, dividindo-a em quatro grandes períodos, com outras
revoluções rápidas, disruptivas, inflexivas, paradigmáticas, exigindo novas
capacidades.
Da máquina a vapor da
Primeira Revolução Industrial ao motor a combustão da Segunda em fins do século
XIX e início do XX, com o uso intenso do aço, eletricidade, química fina,
automóvel e linha de montagem. A humanidade aproximou-se com o telegrafo,
telefone e o rádio. Mudaram-se conceitos, usos e costumes, a educação firmou-se
como bem intangível dos povos.
O século XX foi marcado
por conflitos, guerras e divergências, intensidade é a palavra que o define
melhor. Em seu final a globalização impulsionou a Terceira Revolução Industrial,
a tecnologia da informação e uma poderosa infraestrutura de comunicações. Investiu-se
em áreas então impensadas: computadores, linguagem digital, comunicação
via-satélite, conexão de equipamentos, maior difusão de informações,
inteligência artificial, etc. Chegou-se a Quarta Revolução Industrial ou 4.0,
discutida em editorial desta FOLHA (19/07), melhor expressada pela Internet, a
rede mundial de computadores.
A Revolução 4.0 produz
progresso, sofisticação, facilidades e gera angustias nas pessoas, a exemplo
das revoluções tecnológicas anteriores. A rapidez e aplicação imediata de seus
produtos faz com que uma parcela significativa da população mundial não consiga
compreende-la e encontrar o seu espaço nos cenários produtivos que se
desenharam. A fragilidade do trabalho, da qualificação profissional e do
conhecimento nunca foram tão intensos.
A desqualificação se
combate com educação, cada vez mais necessária, no ritmo das transformações
tecnológicas, em especial as da informação e comunicação. Educação, cujos
problemas no Brasil foram mostrados pela FOLHA (31/08), exige investimentos na
formação de professores, capacitação contínua, redimensionando a pratica
docente e sua importância. Sem bons profissionais motivados, comprometidos e com
recursos materiais, não haverá condições do País adentrar ao novo mundo que
emerge tomado por máquinas que não possuem compaixão e emoções. O professor é
um modelo e exemplo forte na formação das gerações que já nasceram conectadas e
digitalmente aproximadas.
Investir em educação,
qualificar professores, preparar o País, viver a Revolução 4.0, envolvendo a
sociedade é o mínimo que se espera do Estado. Tecnologia, educação e
desenvolvimento capazes de enfrentar a disruptura, a inflexão e possibilitar o
redimensionamento adequado de nossos recursos humanos e materiais. Uma ação, um
comprometimento mais que político, social.
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