CORNELIO PROCÓPIO - SETENTA E NOVE ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLITICA E
INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
Prof.Me. Roberto
Bondarik
Neste
15 de fevereiro de 2017 Cornélio Procópio, Norte Pioneiro do Paraná, completa setenta
e nove anos de emancipação político-administrativa e de instalação do Município,
acontecimento este registrado em 1938. O tempo de sua fundação porém retroage
no tempo, dando a localidade uma antiguidade um pouco maior.
A
região havia sido mapeada em detalhes, pela primeira vez, em 1846 pelo
sertanista Joaquim Francisco Lopes e pelo mapista John Henry Eliott, que a
serviço do Barão de Antonina exploravam o Sertão do Rio Tibagi procurando
estabelecer uma rota segura e viável para a locomoção de pessoas e transporte
de mercadorias entre o litoral do Paraná e Mato Grosso. Coube aos dois
exploradores identificar as nascentes e o curso, mapeando-o, do Rio Congonhas,
assim batizado em referência a erva-mate existente, com considerável abundancia
em seu curso. As margens desse rio foi estabelecida, em nome do Barão de
Antonina, a posse denominada Fazenda Congonhas que mudaria de donos algumas
vezes até ser, em 1924, confirmada como propriedade da Companhia Agrícola
Barbosa, de Antonio Barbosa Ferraz Junior e seus filhos: Braulio e Leovegildo.
Este ano, 1924, pode ser considerado como o ano de abertura de toda a região,
onde hoje se situa Cornélio Procópio, para a ocupação, colonização e exploração
econômica efetiva.
O
surgimento e desenvolvimento do núcleo urbano que deu origem a Cornélio Procópio
faz parte de um ciclo de desenvolvimento econômico regional conduzido por
companhias de colonização. As companhias eram modernas, econômica e administrativamente
bem organizadas, algumas com o seu capital aberto em bolsas de valores no
Brasil e na Europa. A fixação de 1924 com o marco temporal da efetiva ocupação da
região de Cornélio Procópio e também do Norte do Paraná a partir do Rio Tibagi,
fundamenta-se no fato de ter sido aquele o ano em que a Ferrovia São Paulo –
Paraná, que aquele tempo prologava-se de Ourinhos, em São Paulo, até Cambará no
Norte Pioneiro do Paraná, teve o seu controle financeiro transferido para
investidores britânicos. Os ingleses também adquiriram, junto ao Governo, terras
além do Rio Tibagi e que iriam estruturar, subdividir e vender para a
colonização por meio de sua “Companhia de Terras Norte do Paraná”. O projeto
inicial da ferrovia previa o seu prolongamento através do Norte do Paraná,
passando pelas atuais Londrina, Apucarana, Campo Mourão, atingindo Guaíra no
Rio Paraná e, cruzando-o, chegar até Assunção no Paraguai.
A
presença dos “ingleses” da Companhia de Terras Norte do Paraná deu a certeza do
investimento necessário para a construção da Ferrovia São Paulo – Paraná. As
terras por onde ela passaria já estavam definidas e foram adquiridas pelas já
citadas companhias. Aos ingleses era reservado o rico filão que ia de Londrina
até Cianorte, passando pela atual Maringá.
As terras entre
o Rio Laranjinha e o Congonhas foram adquiridas por dois investidores de considerável
peso econômico e financeiro para a época: Francisco da Cunha Junqueira e
Companhia Agrícola Barbosa. O primeiro deteve as terras do rio Laranjinha, daí
o nome Gleba Laranjinha, até o divisor de aguas da bacia hidrográfica deste com
o Congonhas e; o segundo deste ponto até as margens do Congonhas, toda a gleba
da Fazenda Congonhas. Onde as glebas se encontravam, na ponta do espigão
chamado por John Henry Eliott de “Cordilheira” ou “Serra do Laranjinha”, foi
estabelecido o núcleo urbano de Cornélio Procópio. Uma cidade planejada, como seriam quase todas as demais do Norte do Paraná sob a ação das companhias colonizadoras.
A localização de
Cornélio Procópio, segundo Paulo Dias Ribeiro, já constava dos projetos de
ocupação e subdivisão da Gleba Laranjinha. Seu nome remetia ao sogro de
Francisco da Cunha Junqueira, que falecido em 1909 nunca conheceu o Norte
Pioneiro do Paraná. O sitio urbano era planejado e perfeitamente esquadrejado
tendo por centro a atual Praça Brasil, ampliações foram feitas após a chegada
da Ferrovia. A medição e delimitação das áreas rurais vendidas e o estabelecimento
do local e divisão dos lotes urbanos foi o primeiro grande trabalho de
engenharia em Cornélio Procópio.
As dificuldades
do sertão, a crise econômica de 1929 que fez minguar os investimentos
internacionais, a queda dos preços do café, a Revolução de 1930, constituem-se
em fatores que fizeram a chegada dos trilhos da São Paulo – Paraná atingirem a
Estação Cornélio Procópio, no seu “Quilometro 125” remontar a 1930. A importância
econômica do negócio imobiliário capitaneado pelos ingleses no Norte do Paraná
pode ser medido pela visita, em 1931, as obras da Ferrovia, de um dos acionistas
da Companhia de Terras Norte do Paraná: o Príncipe de Gales, futuro rei
britânico Eduardo VIII e seu irmão Jorge, Duque de Kent.
A ocupação
maciça do núcleo urbano e do entorno de Cornélio Procópio acelerou-se após a
chegada da ferrovia, mas já havia desde 1929 uma estrada de rodagem que se
prolongava desde Cambará até Jataizinho. Entrando pelo atual Igarapava, a
estrada de rodagem atingia a Fazenda Congonhas bem próximo a cidade projetada,
por ela vieram os primeiros compradores de lotes e terras da Gleba da Fazenda Congonhas
e das datas do atual Distrito de Congonhas, núcleo urbano projetado pela
Companhia Agrícola Barbosa. Ao longo dessa estrada fixaram-se os primeiros
habitantes modernos do Município.
A fertilidade
das terras e as oportunidades de negócio atraíram para a região milhares de
pessoas. Em 1924 a região pertencia ainda ao Município de Jacarezinho e em 1934
passou a pertencer ao Município de Bandeirantes. O desenvolvimento subsequente
conduziram à consolidação da povoação e sua transformação em Município e
Comarca, tudo no mesmo dia em 1938.
Setenta e nove
anos de emancipação política e pelo menos noventa e dois anos de delimitação do
núcleo urbano. Uma história quase secular.
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