Prof.Me. Roberto Bondarik
Iniciada em 03 de outubro de 1930 com a tomada do Quartel General do Exercito em Porto Alegre , a Revolução tomou conta da totalidade ds unidades do Exercito no Rio Grande do Sul. Segundo McCann (2007) o Exercito teve a sua cadeia de comando desestruturada e solapada. Cerca de oitenta e dois por cento dos oficiais aderiram ao movimento no estado. Um fator importante que deve ser levado em conta é que nos quartéis do Rio Grande a maioria dos soldados e sargentos que lá serviam era da própria região. Estes homens rejeitaram a idéia de lutar entre si e a idéia de vingar o ultraje a honra gaucha ofendida com a eleição presidencial, um desejo latente. Vitoriosos no rio Grande do Sul, resistindo em Minas Gerais e avançando pelo Nordeste a partir da Paraíba, os revolucionários passaram a visar a capital da República, a cidade do Rio de Janeiro. Do Rio Grande do Sul os revolucionários partiram em direção a São Paulo. Para Bueno (2003) a Revolução de 1930 não foi uma parada militar como havia sido a Proclamação da República.
Pela Ferrovia São Paulo – Rio Grande do Sul os revolucionários gaúchos seguiram até Porto União. As unidades militares federais do Estado do Paraná se rebelaram e derrubaram o Governo Estadual. De Ponta Grossa os revolucionários, engrossados pelas unidades paranaenses do Exercito, Policia e voluntários seguiram para as divisas de São Paulo, região onde um impasse marcado por combates se manteve até 24 de outubro de 1930.
As tropas gauchas, partindo de trem e a cavalo de Porto Alegre, não conseguiram conquistar Florianópolis (que só se renderia em 24 de outubro), mas tomaram Joinville e, a seguir, Góis Monteiro instalou o quartel-general dos rebeldes em Ponta Grossa (BUENO, 2003, p.325).
O veterano tenente Osvaldo Cordeiro de Farias coordenava a atividade rebelde naquele estado, mas como era apenas primeiro-tenente, o comando era exercido pelo irmão do falecido João Pessoa, tenente-coronel Aristarcho Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Não conseguiram trazer para o seu lado nenhuma das guarnições federais (MCCANN, 2007, p.376).
Basicamente as forças revolucionárias em Minas Gerais eram formadas pela Força Pública do Estado (Policia Militar) e principalmente por civis que haviam sido recrutados e armados por chefes políticos locais. Mesmo assim os rebeldes obtiveram muitos sucessos e conseguiram manter a Revolução pelo tempo necessário para que obtivessem a vitória do movimento. Algumas unidades do Exercito resistiram por diversos dias até que as suas forças se esvaíssem.
No Nordeste ocorreu sucesso semelhante e segundo McCann (2007) as resistências foram vencidas em três dias. Nesta região elem do Exercito, unidades dos Tiros de Guerra, como o do Recife, aderiram à Revolução rapidamente.
Com posições consolidadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e na maior parte do Nordeste, Getúlio Vargas sentiu-se seguro para seguir ao teatro de operações deflagrado no Paraná. Partiu de Porto Alegre em 12 de outubro e chegou a Ponta Grossa no dia 17, acontecimentos celebrados apoteoticamente pela população. Segundo Bueno (2003) neste momento a Revolução ainda não estava ganha, a barreira representada por Itararé em São Paulo e pelo Vale do Paranapanema mais ao norte na divisa deste com o Paraná precisavam ser vencidas.
O interesse do comandante do Estado Maior Revolucionário, Góis Monteiro, dos oficiais do exercito regular que aderiram ao movimento e dos Tenentes, não era, segundo McCann (2007) destruir materialmente o Exercito brasileiro. Suas intenções eram conquistar o completo controle sobre a força terrestre nacional. Desta forma Itararé revelou-se um impasse a ser subjugado e vencido.
Itararé (SP), na fronteira com o Paraná, mais de 6 mil soldados legalistas, comandados por Pais de Andrade e com o apoio de aviões e quatro canhões, aguardavam a hora do choque contra os 8 mil rebeldes, que tinham 18 canhões. Andrade, aquartelado num penhasco à beira de um rio, recebera as ordens de “defender a cidade a todo o transe”. Previa-se um terrível combate. No dia 24, porém, ao serem informados de que Washington Luís fora deposto, no Rio, os legalistas se renderam (BUENO, 2003, p.325).
Se a batalha tivesse ocorrido, com grandes probabilidades a Revolução seria ainda assim, vitoriosa. Porém, o custo material, humano e político seria muito mais elevados, ao ponto de, segundo Bueno (2003) de mudar os rumos da história do Brasil de forma bastante diversa do que ocorreu.
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