quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CORNELIO PROCÓPIO - SETENTA E NOVE ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLITICA E INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO

CORNELIO PROCÓPIO - SETENTA E NOVE ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLITICA E INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO

Prof.Me. Roberto Bondarik


            Neste 15 de fevereiro de 2017 Cornélio Procópio, Norte Pioneiro do Paraná, completa setenta e nove anos de emancipação político-administrativa e de instalação do Município, acontecimento este registrado em 1938. O tempo de sua fundação porém retroage no tempo, dando a localidade uma antiguidade um pouco maior.
            A região havia sido mapeada em detalhes, pela primeira vez, em 1846 pelo sertanista Joaquim Francisco Lopes e pelo mapista John Henry Eliott, que a serviço do Barão de Antonina exploravam o Sertão do Rio Tibagi procurando estabelecer uma rota segura e viável para a locomoção de pessoas e transporte de mercadorias entre o litoral do Paraná e Mato Grosso. Coube aos dois exploradores identificar as nascentes e o curso, mapeando-o, do Rio Congonhas, assim batizado em referência a erva-mate existente, com considerável abundancia em seu curso. As margens desse rio foi estabelecida, em nome do Barão de Antonina, a posse denominada Fazenda Congonhas que mudaria de donos algumas vezes até ser, em 1924, confirmada como propriedade da Companhia Agrícola Barbosa, de Antonio Barbosa Ferraz Junior e seus filhos: Braulio e Leovegildo. Este ano, 1924, pode ser considerado como o ano de abertura de toda a região, onde hoje se situa Cornélio Procópio, para a ocupação, colonização e exploração econômica efetiva.
            O surgimento e desenvolvimento do núcleo urbano que deu origem a Cornélio Procópio faz parte de um ciclo de desenvolvimento econômico regional conduzido por companhias de colonização. As companhias eram modernas, econômica e administrativamente bem organizadas, algumas com o seu capital aberto em bolsas de valores no Brasil e na Europa. A fixação de 1924 com o marco temporal da efetiva ocupação da região de Cornélio Procópio e também do Norte do Paraná a partir do Rio Tibagi, fundamenta-se no fato de ter sido aquele o ano em que a Ferrovia São Paulo – Paraná, que aquele tempo prologava-se de Ourinhos, em São Paulo, até Cambará no Norte Pioneiro do Paraná, teve o seu controle financeiro transferido para investidores britânicos. Os ingleses também adquiriram, junto ao Governo, terras além do Rio Tibagi e que iriam estruturar, subdividir e vender para a colonização por meio de sua “Companhia de Terras Norte do Paraná”. O projeto inicial da ferrovia previa o seu prolongamento através do Norte do Paraná, passando pelas atuais Londrina, Apucarana, Campo Mourão, atingindo Guaíra no Rio Paraná e, cruzando-o, chegar até Assunção no Paraguai.
            A presença dos “ingleses” da Companhia de Terras Norte do Paraná deu a certeza do investimento necessário para a construção da Ferrovia São Paulo – Paraná. As terras por onde ela passaria já estavam definidas e foram adquiridas pelas já citadas companhias. Aos ingleses era reservado o rico filão que ia de Londrina até Cianorte, passando pela atual Maringá.



As terras entre o Rio Laranjinha e o Congonhas foram adquiridas por dois investidores de considerável peso econômico e financeiro para a época: Francisco da Cunha Junqueira e Companhia Agrícola Barbosa. O primeiro deteve as terras do rio Laranjinha, daí o nome Gleba Laranjinha, até o divisor de aguas da bacia hidrográfica deste com o Congonhas e; o segundo deste ponto até as margens do Congonhas, toda a gleba da Fazenda Congonhas. Onde as glebas se encontravam, na ponta do espigão chamado por John Henry Eliott de “Cordilheira” ou “Serra do Laranjinha”, foi estabelecido o núcleo urbano de Cornélio Procópio. Uma cidade planejada, como seriam quase todas as demais do Norte do Paraná sob a ação das companhias colonizadoras.



A localização de Cornélio Procópio, segundo Paulo Dias Ribeiro, já constava dos projetos de ocupação e subdivisão da Gleba Laranjinha. Seu nome remetia ao sogro de Francisco da Cunha Junqueira, que falecido em 1909 nunca conheceu o Norte Pioneiro do Paraná. O sitio urbano era planejado e perfeitamente esquadrejado tendo por centro a atual Praça Brasil, ampliações foram feitas após a chegada da Ferrovia. A medição e delimitação das áreas rurais vendidas e o estabelecimento do local e divisão dos lotes urbanos foi o primeiro grande trabalho de engenharia em Cornélio Procópio.
As dificuldades do sertão, a crise econômica de 1929 que fez minguar os investimentos internacionais, a queda dos preços do café, a Revolução de 1930, constituem-se em fatores que fizeram a chegada dos trilhos da São Paulo – Paraná atingirem a Estação Cornélio Procópio, no seu “Quilometro 125” remontar a 1930. A importância econômica do negócio imobiliário capitaneado pelos ingleses no Norte do Paraná pode ser medido pela visita, em 1931, as obras da Ferrovia, de um dos acionistas da Companhia de Terras Norte do Paraná: o Príncipe de Gales, futuro rei britânico Eduardo VIII e seu irmão Jorge, Duque de Kent.



A ocupação maciça do núcleo urbano e do entorno de Cornélio Procópio acelerou-se após a chegada da ferrovia, mas já havia desde 1929 uma estrada de rodagem que se prolongava desde Cambará até Jataizinho. Entrando pelo atual Igarapava, a estrada de rodagem atingia a Fazenda Congonhas bem próximo a cidade projetada, por ela vieram os primeiros compradores de lotes e terras da Gleba da Fazenda Congonhas e das datas do atual Distrito de Congonhas, núcleo urbano projetado pela Companhia Agrícola Barbosa. Ao longo dessa estrada fixaram-se os primeiros habitantes modernos do Município.



A fertilidade das terras e as oportunidades de negócio atraíram para a região milhares de pessoas. Em 1924 a região pertencia ainda ao Município de Jacarezinho e em 1934 passou a pertencer ao Município de Bandeirantes. O desenvolvimento subsequente conduziram à consolidação da povoação e sua transformação em Município e Comarca, tudo no mesmo dia em 1938.

Setenta e nove anos de emancipação política e pelo menos noventa e dois anos de delimitação do núcleo urbano. Uma história quase secular.

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