quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Reportagem do Jornal Folha de Londrina sobre os oitenta e cinco anos do Combate de Quatiguá na Revolução de 1930

A FOLHA DE LONDRINA publicou em seu caderno do Norte Pioneiro, uma matéria feita pela Jornalista Rúbia Pimenta a respeito dos 85 anos do Combate entre gauchos e paulistas ocorrido em Quatiguá-Pr durante a Revolução de 1930.  Este Jornal tem prestado um grande serviço à região do Norte Pioneiro e ao Paraná resgatando e divulgando fatos de nossa história. A publicação ocorreu em 28 de outubro de 2015 e reproduzo o texto em seguida logo após os links do jornal com a reportagem:

http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2711-20151028&tit=combate+de+quatigua+faz+85+anos

http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2712-20151028


Combate de Quatiguá faz 85 anos

Norte Pioneiro foi palco do principal combate da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder

Rubia Pimenta
Especial para a FOLHA

PIMENTA, Rúbia. Combate de Quatiguá faz 85 anos. Folha de Londrina, Caderno Norte Pioneiro, p. 02, 28 out. 2015.

Quatiguá - O ano era 1930. No mês de outubro, o Brasil fervilhava, sentindo as consequências da crise econômica de 1929 e de uma iminente guerra civil. No Rio Grande do Sul tropas do Exército se rebelaram e exigiam a queda do presidente Washington Luiz, clamando pela posse de Getúlio Vargas. Nesse cenário, o Norte Pioneiro do Paraná teve um papel fundamental: foi palco do principal combate da Revolução de 1930, colocando os rebeldes gaúchos de um lado, e os militares paulistas, apoiadores do governo federal, do outro. 

"Foi, sem dúvida, o principal confronto, pois mostrou ao governo federal a força dos rebeldes. O Combate de Quatiguá envolveu mais 3 mil homens, militares profissionais de ambos os lados, e deixou muitos mortos", afirma o historiador Roberto Bondarik, que é estudioso do assunto, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Cornélio Procópio. 
Logo após o estopim da revolução, apoiadores de Getúlio Vargas na região tomaram a ferrovia de Jaguariaíva. Uma tropa de elite da Brigada Militar gaúcha, formada por aproximadamente 300 homens, foi mandada para a região para fortificar o ponto. Esses militares travaram o primeiro combate com os paulistas, em Joaquim Távora, no dia 10 de outubro. A vitória foi dos gaúchos, que fizeram cerca de 50 prisioneiros.

Roberto Bondarik - Folha de Londrina 28/10/2015


Logo em seguida, os gaúchos se dirigiram a Quatiguá (na época um distrito de Joaquim Távora) para dominar a ferrovia ali localizada. "A ferrovia de Joaquim Távora, onde estavam, era de difícil defesa, e eles temiam ser cercados. A de Quatiguá era mais fácil de defender por ser próxima a uma serra e precipícios", conta Bondarik. 
O Norte Pioneiro era uma região considerada estratégica para ambos os lados. Por sua proximidade com São Paulo, os gaúchos viam ali uma importante passagem para chegar à Minas e ao Rio de Janeiro, enquanto que os apoiadores do governo federal desejavam frear a subida dos rebeldes para o restante do País. 
Outro fator importante para trazer o combate para a região foi o forte apoio que os cafeicultores deram à revolução. "Eram entusiastas de Getúlio e das ideias revolucionárias. Nas eleições presidenciais em Ribeirão Claro, um reduto getulista, todos os opositores foram presos e colocados sob a mira de metralhadoras para não votarem. Existiam fraudes descaradas nas eleições na época, com prisões e ameaças, por isso só venciam os grupos ligados às oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Tudo isso foi revoltando o país, até chegar ao estopim da Revolução de 1930", lembra o historiador. 



O PRIMEIRO COMBATE


O primeiro combate em Quatiguá ocorreu no dia 12 de outubro, quando os militares paulistas tentaram retomar a ferrovia do pequeno vilarejo, mas foram vencidos pelos gaúchos. "No cair da noite os paulistas se alojaram na região. O reforço gaúcho chegou no mesmo dia, liderado pelo coronel Alcides Gonçalves Etchegoyen, e visualizou a localização dos paulistas. Traçaram um bom plano, atacando-os já ao amanhecer", explica o professor.
O reforço gaúcho veio em seis comboios de trem, formando um destacamento inicialmente com 2.014 homens, fortemente armados com metralhadoras e canhões. Ao todo, cerca de 3,5 mil soldados combateram, dando a vitória aos rebeldes. Centenas foram feridos e mortos. Não é possível, no entanto, estimar a quantidade de óbitos. "O relatório do coronel Etchegoyen contabiliza cerca de 500 baixas para os paulistas, mas jornais e relatórios da época dão entre 20 e 200 mortos." 
A vitória gaúcha repercutiu em todo o país, ressalta o professor. "A forma como as tropas paulistas fugiram de forma desorganizada para seu estado, balançou o governo federal fortemente. O combate demonstrou a capacidade de logística de transporte dos rebeldes, sua organização e disciplina, além da determinação em vencer." No dia 24 de outubro de 1930, tropas revolucionárias marcham sobre o Rio de Janeiro e tomaram o poder, dando início a era Vargas.

Cidade guarda alguns rastros da história


Quatiguá – Na segunda-feira, Quatiguá completou 68 anos de sua elevação a município e, atualmente, possui cerca de 7,1 mil habitantes e ainda guarda alguns rastros desse importante combate. Um deles é o monumento erguido no meio da Praça Expedicionário Eurídes Fernandes do Nascimento, em homenagem aos combatentes que morreram no conflito. "Mas poucos são os que sabem da importância histórica. A maioria não entende, nem eu sei muito", admite o secretário de Finanças, Administração e Planejamento de Quatiguá, Álvaro Simonete. 
Entre a população mais velha, no entanto, muitos ainda contam casos de familiares que viveram aquele tempo. Entre eles o diretor de rádio Adailton Ribas Lopes, 68 anos. "Meu tio foi preso pelos rebeldes. Ele tinha uma fazenda com gado, e os soldados confiscaram tudo para se alimentarem. Ele contava que foi colocado em um buraco e obrigado a gritar ‘Viva Getúlio’", lembra. 
Um fato histórico, tomado como lenda por alguns, é que existem muitos soldados paulistas enterrados sob o monumento da praça. "Existem os relatos da época de que isso é realmente verdade, mas até hoje não encontrei uma comprovação documental. Ninguém desenterrou nada na praça para confirmar", afirma o historiador Roberto Bondarik. 
Segundo Bondarik, a chegada das tropas apavorou os moradores da pacata região na época. "Há relatos de que parte da população pensava que os gaúchos eram comunistas, outros diziam que eram assaltantes, baderneiros. Eles não tinham noção da revolução política que o país passava naquela época", analisa. 
O radialista lamenta o fato desse capítulo da história do município estar se perdendo. "Como as pessoas que viveram aquela época morreram, a nova geração pouco sabe dessa história. Nem mesmo as escolas a trabalham muito. Pouco material, como livros ou informativos, existem na cidade. Acredito que é um patrimônio da nossa região, e deveria ser melhor preservado e divulgado para a comunidade", sugere Adailton Lopes. (R.P.)

Rubia Pimenta
Especial para a FOLHA



Para fazer a referencia deste texto:

PIMENTA, Rúbia. Combate de Quatiguá faz 85 anos. Folha de Londrina, Caderno Norte Pioneiro, p. 02, 28 out. 2015.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

85 ANOS DO COMBATE DE QUATIGUÁ - REVOLUÇÃO DE 1930 NO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ

Prof. Me. Roberto Bondarik
Docente e Pesquisador
 Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
Campus Cornélio Procópio

Entre 3 e 24 de outubro de 1930 uma Revolução a partir do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais encerraria a República Velha no Brasil e colocaria Getúlio Vargas no poder. Surgida da revolta com a manipulação da eleição presidencial que derrotou Vargas, a Revolução foi potencializada pelo assassinato do seu candidato a vice, João Pessoa. O Paraná e o seu Norte Pioneiro foram essenciais para o sucesso do movimento.
A Brigada Militar e voluntários avançaram pela Ferrovia São Paulo-Rio Grande controlando-a até Porto União e União da Vitória em 4 de outubro. No mesmo dia em Ponta Grossa o governo local foi assumido por Alcebíades Miranda, comandante do 13ºRI que se rebelou. Ponta Grossa e sua posição estratégica representou metade da vitória da Revolução que avançou rumo a São Paulo.
Em Jaguariaíva no final do dia 3, rebeldes tentaram tomar a prefeitura e a sede da Policia, conforme o planejado deveriam controlar a ferrovia até a chegada dos gaúchos. Eles haviam tomado Barra Bonita (Ibaiti), Tomazina e Wenceslau Braz seus líderes eram Paulo Chueire da Colônia Mineira (Siqueira Campos) e o Major Infante Vieira. Estavam em preparação desde março de 1930. Gustavo Lessa, médico em Jacarezinho, Barbosa Ferraz em Cambará, os fazendeiros e engenheiros Moreira Lima em Ribeirão Claro e Coriolano de Lima em Santo Antônio da Platina já haviam atuado na campanha da Aliança Liberal de Getúlio Vargas. A eleição em Ribeirão Claro havia sido um show de arbitrariedades, prisão de opositores às véspera da votação controlada pela polícia, ocupação militar da cidade, etc.
Em Curitiba o Exército e a Policia Militar aderiram a Revolução na madrugada de 5 de outubro. O Presidente do Paraná, Afonso Camargo fugiu para São Paulo, deixando dez meses de atraso no pagamento de professores e policiais. O General Tourinho assumiu o Governo do Estado.
Castro no dia 7, sede do 5º Regimento de Cavalaria que fiel ao Governo Federal retirou-se para São Paulo, foi ocupada pelo Capitão Airton Playsant do 13ºRI que tomou Jaguariaíva e seguiu para Sengés. O esquadrão de cavalaria da Brigada Militar do tenente Trajano Marinho com seus duzentos homens rumou para o Norte Pioneiro, controlando Siqueira Campos dia 9 e na Estação Afonso Camargo (Joaquim Távora) no dia 10 enfrentaram e venceram uma companhia da Força Pública.
Recuado para a Estação Quatiguá o Esquadrão Marinho foi atacado dia 11. Em 12 de outubro as seis da manhã foram reforçados pelo chegada do 1ºBC do Destacamento do Coronel Alcides Etchegoyen, composto por tropas regulares do Exército e Brigada Militar, de grande poder ofensivo, com nove canhões trazidos desde Cruz Alta. Transportado por oito composições, tinha inicialmente 2.014 homens.
O Governo Federal concentrou tropas em Itararé e Ourinhos, eram do Exército e da Força Pública. Ocuparam Cambará, Ribeirão Claro, Santo Antônio da Platina e Carlópolis com objetivo de cortar a ferrovia em Jaguariaíva. A censura à imprensa e as informações pelo Governo Federal fizeram os soldados pensarem combater bandoleiros comunistas e não militares rebelados. Para tomar Quatiguá mandaram a Força Pública, o 4ºRI do Exército, sediado na Vila Quitaúna de Osasco-SP e legionários civis do Deputado Ataliba Leonel, eram mais de 1.800 homens. O ataque começou ao final do dia 12, a chuva torrencial e a escuridão da noite permitiram a chegada do Coronel Etchegoyen com reforços. Na alvorada do dia 13, quase dois mil gaúchos, apoiados pela artilharia, avançaram sobre os paulistas fazendo-os recuar em desordem. A falta de cavalos impediu a perseguição aos legalistas que abandonaram o Paraná destruindo barcos, e todas as pontes sobre o Paranapanema. Morreram muitos soldados de ambos os lados. Os rebeldes controlaram a região e quando iriam invadir São Paulo com destino a Bauru, o Sul de Minas e o Rio de Janeiro, Washington Luiz foi deposto e a Revolução declarada vitoriosa.
Em Sengés a partir do dia 14 houve a concentração de tropas rebeldes. Na Fazenda Morungava houveram combates, com duelos de artilharia. Bombardeio aéreo pela Força Pública paulista sobre Jaguariaíva e Sengés. A maior batalha da América do Sul em Itararé-SSP não ocorreu, já era 24 de outubro e a República Velha chegou ao fim.

O Paraná por sua posição geográfica, a ferrovia que o cortava e pela ação pronta de seus cidadãos foi fundamental para a transformação que o Brasil esperava naquele momento. A ação rápida dos paranaenses foi como um lava-jato limpando caminho para a mudança, a esperança e a construção de um Brasil novo.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Cornélio Procópio: origens históricas.

Texto publicado no Caderno Especial da Folha de Londrina em 15 de fevereiro de 2015.

FOLHA DE LONDRINA, Domingo, 15 de Fevereiro de 2015 – Ano 66 – Edição 20.112. CADERNO ESPECIAL CORNÉLIO PROCÓPIO 77 ANOS.  Pagina 12

Abaixo o texto original e a versão resumida (imagem) que foi publicada pelo jornal 


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Cornélio Procópio: origens históricas
Prof. Me. Roberto Bondarik
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
bondarik@utfpr.edu.br / profbondarik@gmail.com

Quando o Coronel Cornélio Procópio de Araújo Carvalho faleceu em 22 de outubro de 1909 talvez ele nunca imaginasse que seu nome fosse batizar um município com quase cinquenta mil habitantes no Norte Pioneiro do Paraná. Uma terra que nunca conheceu e muito menos foi proprietário. Cornélio Procópio nasceu em 06 de janeiro de 1857e Aiuruoca no Sul de Minas Gerais, foi fazendeiro e comerciante, encontra-se sepultado no Cemitério da Consolação em São Paulo. A história da cidade e município que leva seu nome possui raízes cravadas no tempo, seus registros remontam ao século XIX e são dignas de nota.
A região do sertão do Rio Congonhas foi mapeada e explorada em 1846 por Joaquim Francisco Lopes e John Henry Elliot, sertanistas sob as ordens do Barão de Antonina que era um fazendeiro dos Campos Gerais e dono de tropas de mulas. Buscavam eles os Campos do Paiquerê e uma rota para o Mato Grosso. Os dois exploradores firmaram naquele ano a “Posse do Congonhas” ou Fazenda Congonhas em nome do Barão. Foram eles que deram nome a esse rio em virtude da erva-mate (congonha) que havia em suas nascentes. Ela abrangia todas as terras em ambas as margens desde sua nascente até a foz no Rio Tibagi, englobava toda a bacia hidrográfica do Congonhas.  Não consta que essas terras foram colonizadas ou subdivididas naquele tempo. Em 1891 os herdeiros do Barão venderam grande parte de suas terras à Ildefonso Mendes de Sá. Nesta época os limites da Fazenda Congonhas são apontados nos mapas que mostram os lotes da Colônia Militar do Jatahy (Jataizinho). Olegário Rodrigues de Macedo e José Marcondes de Albuquerque compram a fazenda em 1893. Em 1900 Olegário tornou-se o único proprietário até vende-la à José Pedro da Silva Carvalho. Mesmo com tantos donos se revezando acredita-se que não houve ocupação efetiva das terras da Fazenda Congonhas. Situação que mudaria a partir da década de 1920.
A chegada da ferrovia a Ourinhos-SP em 1908 mudaram as perspectivas econômicas do Norte do Paraná. Surgiu um projeto de construção de uma estrada de ferro ligando Ourinhos até Assunção, capital do Paraguai, passando por Guaira. Em 1920 um grupo de empresários recebeu a concessão para a construção dessa ferrovia, faziam parte dele: Antonio Barbosa Ferraz e seus filhos Leovegildo e Braulio, Willie da Fonseca Brabazon Davis e Manoel da Silveira Corrêa. Receberam exclusividade da exploração, isenção para importação de equipamentos e componentes além de uma compensação de 28:800$000 (vinte e oito contos e oitocentos mil-reis) em terras ou o equivalente a 3.600 hectares por quilometro de estrada construída e em funcionamento. Em 1924 o primeiro trecho até Cambará ficou pronto mas por ali ficou até que empresários britânicos da Paraná Plantations adquirissem o controle da Ferrovia São Paulo – Paraná e a prolongassem até as terras da sua Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), de Londrina em diante. Construída pela empresa MacDonald, Gibbs & Co, de Londres a ferrovia atingiu Andirá em abril de 1930, Bandeirantes em Julho, Santa Mariana no Km 107 e Cornélio Procópio tiveram suas estações entregues em 1º de dezembro de 1930. Em 1931 chegariam às margens do Tibagi em Jataizinho e em 1934 com a conclusão da ponte ferroviário sobre esse rio seguiriam os trilhos pelo Norte do Paraná até ultrapassar Londrina.
O projeto da ferrovia e o seu traçado eram de conhecimento de muitos, aos ingleses interessava à estrada de ferro, cuja expertise dominavam, e as terras da CTNP. Por onde os trilhos passassem a possibilidade de valorização das terras era muito grande e isto atraiu a atenção de investidores paulistas que adquiriram as antigas posses e fazendas ainda de mata fechada pelo caminho. Assim Francisco da Cunha Junqueira, também fazendeiro e empresário em São Paulo adquiriu em 1923, terras da Fazenda Laranjinha, dando origem a gleba do mesmo nome. Eram terras por onde passaria a ferrovia e se estendiam das margens do Rio Laranjinha até o serro divisor de águas da bacia desse rio com o Congonhas. Cunha Junqueira era genro e ao mesmo tempo sobrinho de Cornélio Procópio e em suas terras projetou dois núcleos urbanos Santa Mariana, nome em homenagem a sua esposa e Cornélio Procópio em honra a seu falecido sogro. O projeto das duas futuras cidades já existia em 1924.
O envolvimento de Cunha Junqueira com o Partido Democrático de São Paulo, a Revolução de 1930, sua participação como Secretário da Agricultura e envolvimento com Revolução Constitucionalista de 1932 fizeram com que ele fosse exilado do Brasil. Sua esposa vendeu as terras e os projetos de colonização da Gleba Laranjinha para Francisco Moreira da Costa e Antônio Paiva Junior da Colonizadora Paiva & Moreira. Esta empresa que iria efetivamente conduzir a venda dos lotes urbanos e rurais das duas cidades e promover a sua colonização.
A outra parte do território do que hoje é Cornélio Procópio, a Fazenda Congonhas, foi adquirida em 1923 por Antônio Barbosa Ferraz e seus filhos da Companhia Agrícola Barbosa, de Cambará. Comprada de José Pedro da Silva Carvalho, a Fazendo Congonhas teve a sua posse contestada por herdeiros do Barão de Antonina em um processo judicial demorado mas ao final vencido pela Cia Barbosa que teve como advogado Francisco Morato. Os Barbosa possuíam influência junto ao Governo do Paraná, sendo que Bráulio Barboza Ferraz era prefeito de Cambará quando o Estado financiou e a prefeitura de Cambará construiu uma rodovia carroçável desde aquela cidade até Jataizinho, concluída em 1929. Foram construídas pontes com base de pedra e concreto sobre os rios das Cinzas e Congonhas, passando próximo a Carvalhopolis (Abatiá) e Santa Amélia, cruzava o rio Laranjinha e seguia pelo bairro Igarapava já em terras procopenses e atingia a Gleba Congonhas próximo à Casa João Paulo II já nos limites urbanos atuais de Cornélio Procópio. Em algum lugar ali foi erguido do “Armazém Velho” onde um representante da Cia Barbosa levava os compradores até seus lotes adquiridos. Às margens da rodovia e no centro da gleba foi planejado e instalado o centro urbano de Congonhas, o primeiro a ser levantado no que é hoje o município recebendo compradores desde a conclusão da estrada. A ferrovia chegaria a Congonhas em 1931.

As duas glebas, Congonhas e Laranjinha, deram origem ao Município de Cornélio Procópio, suas terras se limitavam no que hoje é a cidade sendo que cerca da metade da área urbana pertencia a cada uma delas. Sem a ferrovia e sem os investidores que vislumbraram possibilidades de negócio na região com certeza iria demorar um pouco mais para que o Norte do Paraná se integrasse de forma produtiva, gerando riquezas, ao Brasil.