domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cidades e Vilas Desaparecidas do Norte Pioneiro do Paraná: ESPIRITO SANTO DO ITARARÉ


Cidades e Vilas Desaparecidas do Norte Pioneiro do Paraná
==== ESPIRITO SANTO DO ITARARÉ ====

Prof.Me. Roberto Bondarik
bondarik@utfpr.edu.br
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Cornélio Procópio


                Dando continuidade a um texto anterior onde tratei sobre a localidade de São José do Cristianismo, desta feita abordarei outra cidade desaparecida do Norte Pioneiro do Paraná: Espírito Santo do Itararé, próxima a atual Ribeirão Claro e hoje sob as águas do lago artificial que abastece a Usina Hidrelétrica de Chavantes-SP. Usarei neste texto informações baseadas principalmente na obra de Ruy Chistovam Wachowicz – “Norte Velho, Norte Pioneiro” (WACHOWICZ, Ruy Chistovam. Norte Velho, Norte Pioneiro. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1987, 178pp.). Mesmo assim ainda são poucas as informações que possuo sobre a formação desta localidade que podemos dizer tenha sido um dos embriões do Norte do Paraná.

                A antiga Espírito Santo do Itararé foi erguida na região próxima da confluência do Rio Itararé com o Paranapanema, a ocupação desta área data do século XIX, relatos nos informam que nas primeiras décadas daquele século uma mulher, provavelmente mineira havia ali se fixado junto com seu marido. Conhecida como Maria Ferreira, ela frequentemente levava alguns produtos e principalmente peles de animais para serem trocadas em Piraju-SP, para tanto fazia uso dos dois rios que eram navegáveis, descia o Itararé e depois subia o rio Paranapanema. Ao que consta seu marido, que era caçador, deveria ser um foragido da policia, pois nunca se aproximava da cidade quando Maria Ferreira para lá ia comerciar.

                No local onde Maria Ferreira habitou desenvolveu-se um porto, à margem esquerda do Rio Itararé, que recebeu o nome desta sua primeira habitante. Próximo ao porto, posteriormente em terras que pertenciam a Fazenda Taquaral desenvolveu-se o núcleo urbano de Espírito Santo do Itararé. A primeira doação de terras para a formação deste patrimônio data de 1894, mas é evidente que já havia ocupação urbana desde muito tempo antes disso. Com o avanço da ferrovia Sorocabana pelo vale do Parapanema e com a possibilidades de transporte assegurada, a cafeicultura avançou e atingiu o Norte do Paraná. O afluxo de pessoas aumentou cada vez mais e empurrou a colonização para o oeste.

                Um novo centro urbano acabou surgindo nas margens do riacho Ribeirão Claro, em terras mais altas e livres do mal que, a exemplo de São José do Cristianismo, também assolava Espírito Santo do Itararé, a malária e outras doenças palustres.

                Espírito Santo do Itararé foi sede de município, teve Igreja, delegacia postos de serviços do Governo Estadual, força policial, etc. A Loja Maçônica “Amor a Virtude" Nº 0776 do Grande Oriente do Brasil, fundada em 21 de Dezembro de 1901,  ali funcionou por um certo tempo e chegou a ter um razoável número de membros cuja participação pode ser identificada em diversas outras oficinas pelo Norte do Paraná pelo menos até a década de 1950.

                Em grande parte devido a malaria e a insalubridade do local, grandes algozes destes povoadores pioneiros, Espírito Santo do Itararé foi se esvaziando em prol de Ribeirão Claro. Em 13 de maio de 1908 a sede da municipalidade foi solenemente transferida para a aquele lugar, inclusive com a devida mudança na denominação para Município de Ribeirão Claro. A cerimônia contou com a presença de autoridades estaduais, locais e de Jacarezinho, município vizinho que já vicejava há algum tempo. E em 1911 foi instalada a Comarca de Ribeirão Claro cuja foto se encontra abaixo.


Autoridades presentes à instalação da Comarca de Ribeirão Claro em 1911

2 comentários:

Elaine Pavani disse...

Olá! Vim retribuir a visita. Muito interessante seu blog. É difícil encontrar material sobre o Paraná. Voltarei sempre, com certeza.

Donizete disse...

Nasci na Fazenda Santa Clara e me criei em um sitio dos Turcos bem perto de onde era a Cidade de Ferreira, ainda tinha as paredes da cadeia e o cemitério. Com o fechamento das comportas da hidrelétrica final dos anos 60 foi cobrindo tudo e se transformou no belo lago que se vê hoje.