terça-feira, 26 de junho de 2007

QUESTÕES DE VESTIBULARES DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS PARANAENSES (Prof. Roberto Bondarik)


O que diferencia um paranaense do restante do conjunto dos brasileiros é a sua história, uma história rica, composta por trabalho e perseverança.

É justamente este passado que pode vir a garantir também o futuro de muitos jovens paranaenses que cursam o Ensino Médio, especialmente aqueles que estudam em escolas públicas.

Diversas faculdades e universidades públicas no Estado do Paraná passaram a cobrar de maneira muito intensa nos últimos anos, em seus concursos vestibulares, questões e conteúdos relacionados à História do Estado do Paraná.

Reuni neste trabalho uma série de exercícios que foram cobrados nos últimos anos em exames vestibulares das Universidades Estaduais de Ponta Grossa (UEPG), Maringá (UEM) Unicentro e Londrina (UEL). Para embasar cada um dos conjuntos de assuntos e temas, relacionamos textos que darão uma maior compreensão e entendimento sobre nossa história.
Espero que esta seleção de conteúdos e exercícios atinja o seu objetivo e se torne mesmo um diferencial vantajoso aos paranaenses que desejam cursar uma Universidade que possua qualidade, esteja dentro do seu contexto e da sua realidade cultural. Uma Universidade que possa auxilia-los a construir sua vida próximos de suas famílias, de seu meio. Uma Universidade que seja acessível, pública e gratuita.

Na seqüência alguns exercícios: (Respostas corretas em negrito)

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1) (UEL-PR/1999) - Duas décadas e meia atrás, Londrina pontificava como a capital do Paraná cafeeiro. Batida pela geada de 1975, perdeu aquela condição e foi obrigada a mudar de rumo. Primeiro, transformou-se em centro de serviços, depois, foi ganhando fôlego para outras atividades, para consolidar-se agora como:
a. ( ) Pólo industrial.
b. ( ) Centro madeirense.
c. ( ) Núcleo minerador.
d. ( ) Região vinícola.
e. ( ) Pólo siderúrgico.

2) (UEL-PR/1999) A atração de investimentos estrangeiros e nacionais para o Paraná tem provocado mudanças radicais no mercado de trabalho. As novas fábricas brasileiras que se dirigem nos próximos anos ao Estado tendem a convergir para o interior, privilegiando cidades que têm Universidades Estaduais fortes, como:
a. ( ) São José dos Pinhais, Piraquara, Colombo e Paranaguá.
b. ( ) Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel
c. ( ) Guarapuava, Prudentópolis, Castro e Periquitos.
d. ( ) Palmeira, Irati, São Mateus do Sul e União de Vitória.
e. ( ) Apucarana, Cambé, Cornélio Procópio e Jacarezinho.

3) (UEM-PR/2006) Sobre a história dos indígenas do Paraná, assinale o que for correto.
a. ( ) Os indígenas encontrados pelos europeus no território paranaense apresentavam um estágio de desenvolvimento cultural muito próximo dos Incas do Peru, dominando, por exemplo, a metalurgia e sofisticadas técnicas de construção em alvenaria.
b. ( ) Grande parte dos indígenas paranaenses que habitava o litoral e a região de Curitiba foi morta na guerra de extermínio empreendida pelos portugueses, em 1680, para sufocar a rebelião dos índios tamoios, que ficou conhecida como Confederação dos Tamoios.
c. ( ) Os Tupi-Guaranis constituíam uma das grandes famílias indígenas que já habitavam o Paraná antes da chegada dos europeus. Eles eram o grupo culturalmente mais desenvolvido, que dominava a navegação fluvial, a cerâmica, a agricultura etc.
d. ( ) Pode-se dizer que o processo de colonização portuguesa no Paraná resultou na total destruição da cultura indígena, impedindo qualquer transmissão de costumes, vocabulários e usos indígenas para a cultura civilizada erigida pelos portugueses.
e. ( ) Na primeira metade do século XX, os grandes responsáveis pela política de extermínio dos indígenas do Paraná foram o Marechal Cândido Rondon e o sertanista Cláudio Vilas Boas.



4) (UEM-PR/2006) A respeito da História do Paraná, assinale o que for correto.
a. ( ) Nos últimos anos, o estado do Paraná incrementou e diversificou suas atividades econômicas, passando, inclusive, a contar com um parque industrial automobilístico;
b. ( ) O estado do Paraná teve sua emancipação política formalmente reconhecida no século XIX, mas continua, até hoje, dependente da Província de São Paulo em vários aspectos administrativos;
c. ( ) O estado do Paraná sedia o Porto de Paranaguá, o maior porto do Brasil em volume de exportações e importações;
d. ( ) Durante o governo de Jaime Lerner, foi criado o Anel de Integração, com várias praças de pedágios estatais, com o objetivo de arrecadar fundos para construir novas rodovias pavimentadas;
e. ( ) Em função dos problemas gerados pela globalização, a região metropolitana de Curitiba sofreu um grande êxodo populacional nas duas últimas décadas do século XX.

5) (UEM-PR/2006) A respeito da colonização do Paraná e da participação dos imigrantes no desenvolvimento da região, assinale o que for correto.
a. ( ) Já no século XIX, foram fundados núcleos de colonização com a participação de imigrantes europeus;
b. ( ) A forte presença de imigrantes asiáticos e europeus, no Norte do Paraná, foi responsável por tornar a região um pólo produtor exclusivo de frutas e de legumes;
c. ( ) Além dos migrantes de outras regiões do país e dos escravos africanos, o Paraná recebeu apenas imigrantes alemães, no século XIX, e japoneses, no século XX;
d. ( ) Como o Norte do Paraná foi colonizado pela Companhia de Terras Norte do Paraná, pertencente à empresa inglesa Paraná Plantation, foi dada preferência na compra dos lotes aos imigrantes ingleses, levando os imigrantes de outros países a procurarem outros Estados da Federação para fundarem suas colônias;
e. ( ) O Norte do Paraná contou também com a participação de quase cem mil curdos oriundos do Iraque, que para cá vieram em um acordo realizado entre os empresários ingleses, o governo da Inglaterra e o governo de Vargas.

6) (UEL-PR/1992) No primeiro quartel do século XX, a controvérsia a respeito da jurisdição sobre uma vasta região que abrange porções dos atuais territórios do Paraná e de Santa Catarina provocou divergências entre esses dois Estados. O litígio, cujas origens eram antigas -muito anteriores à República- agudizou-se com o estabelecimento do Novo Regime, em decorrência direta da autonomia constitucional adquirida pelas unidades federativas. A designação pela qual veio a ser conhecida a região é:
a. ( ) Norte Pioneiro;
b. ( ) Taquaruçu;
c. ( ) Curitibanos;
d. ( ) Contestado;
e. ( ) Norte do Paraná;

7) (UEL-PR/1991) O chamado “Ciclo das Tropas”, na História do Brasil Colonial, esta associado à:
a. ( ) Descoberta e exploração do ouro em Minas Gerais, região que demandava gado vacum e muar;
b. ( ) Presença dos jesuítas portugueses que desenvolveram com sucesso as reduções;
c. ( ) Migração de japoneses que se intensificou no início do século XX, pouco antes da Primeira Guerra Mundial;
d. ( ) Presença da Companhia de Terras Norte do Paraná, sustentada por capitais provenientes dos Estados Unidos da América do Norter;
e. ( ) Situação conflituosa enter brancos portugueses e indígenas, que se utilizavam do gado muar em suas batalhas.

8) Os movimentos sociais de Canudos e do Contestado:
a. ( ) Atemorizaram os governos republicanos, sendo, por esta razão, aniquilados.
b. ( ) Advogaram idéias monarquistas, exaltando a figura de D. Pedro II.
c. ( ) Propuseram a reforma agrária, tomando as fazendas dos ricos agricultores.
d. ( ) Receberam apoio da Igreja Católica, em especial dos padres de localidades próximas.
e. ( ) Foram liderados por homens desvinculados das tradições locais.

9) (UNIOESTE-PR/2003) Com relação ao Estado do Paraná, é correto afirmar que:
(01) Devido à sua recente ocupação territorial, não há registros sobre conflitos indígenas.
(02) O território do Estado constitui-se em função do desmembramento do Estado de Santa Catarina.
(04) A base da economia paranaense, no período colonial, foi a produção de açúcar.
(08) O nome do Estado advém do rio fronteiriço entre Brasil e Paraguai.
(16) Na colonização, houve a predominância de europeus e de seus descendentes.
(32) Não houve descobrimento de ouro no território regional.
(64) Foz do Iguaçu, situada na fronteira oeste, originou-se a partir de uma Colônia Militar, criada com a finalidade de defesa nacional.
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10) (UEPG-PR/2006) Sobre o povoamento do Paraná, assinale o que for correto
(01) Curitiba iniciou seu povoamento de forma totalmente independente do litoral e especializou-se em lavouras diversas e comércio.
(02) As bandeiras foram grandes empresas organizadas pela administração colonial em busca de metais preciosos e não admitiam o apresamento do gentio.
(04) A miragem das minas propiciou o assentamento e a organização de uma comunidade em Paranaguá com outras atividades como o comércio, a lavoura e um pouco de criação.
(08) As descobertas dos mineradores em Paranaguá estimularam a administração colonial a investir na região buscando as minas de ouro.
(16) Os dois núcleos iniciais de irradiação de população para o Paraná foram o Rio de Janeiro e São Paulo; do primeiro, partiram as iniciativas oficiais e do segundo, os bandeirantes.
(______)

12) (UEPG-PR/2006) Sobre a Revolução de 30 no Paraná, assinale o que for correto.
(01) Esse movimento político recebeu grande apoio no Paraná, o que colaborou para a sua vitória.
(02) No Paraná, a Revolução de 30 iniciou com a articulação político-militar feita pelo major Plínio Alves Monteiro Tourinho, vinculado às famílias tradicionais do estado.

(04) A vitória dos revoltosos e a fuga do presidente de província Affonso Camargo para o litoral rumo a São Paulo fez Curitiba viver uma grande festa nas ruas centrais.
(08) O apoio popular ao movimento no Paraná foi grande; participaram velhos políticos dissidentes do Partido Republicano Paranaense, estudantes, profissionais liberais, grupos das nascentes classes médias e trabalhadores em Curitiba que formaram batalhões revolucionários.
(16) O Paraná teve papel estratégico na vitória da Revolução pois o caminho ferroviário para São Paulo estava aberto.

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quinta-feira, 14 de junho de 2007

REPORTAGENS RECENTES DA FOLHA DE LONDRINA (PARTE 02)

O Widson Schwartz, continuou procurando e hoje, dia 13 de Junho de 2007 (dia de Santo Antonio - padroeiro também das causas impossiveis) continuou com o trabalho da semana passada publicou na FOLHA DE LONDRINA mais um texto, considero-o de relevância histórica, sobre a Revolução de 1930 e o "Combate de Quatiguá". Reproduzo aqui a reportagem:
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QUATIGUÁ NO DIÁRIO DA REVOLUÇÃO
Widson Schwartz
FOLHA DE LONDRINA
13 de Junho de 2007

Quatiguá - A história da Revolução de 30 em Quatiguá (a 62 km de Jacarezinho, Norte Pioneiro) é escrita também pela comunidade, tendo sido tema de pesquisa dos alunos da professora de Estudos Sociais Mary Helen Godoy, na Escola de 1º Grau Pedro Gonçalves Lopes, em 1982. Há depoimentos de contemporâneos, jornais, a reprodução de um livro, o memorial em praça pública. Pode-se acrescentar o diário de Getúlio Vargas (*) e o jornal A Revolução - Órgão da Coluna do 1.º B. C. - Vitória ou Morte, n.º 1, editado em Jacarezinho (21.10.30), em que os vencedores relatam o ''Combate de Quatiguá''. Apenas dois tenentes feridos e cinco soldados mortos no lado revolucionário, ''deixando o inimigo mais de 100 homens mortos''. E os prisioneiros, 158.
A reportagem da FOLHA percorreu algumas cidades do Norte Pioneiro para contar histórias da Revolução. Na semana passada, foi publicada matéria sobre um fundo de vale em Joaquim Távora, que esconde ruínas de supostas trincheiras de paulistas no confronto de 1930.
Quatiguá era apenas um distrito policial quando foi inscrito no diário de Vargas, em 19 de outubro de 1930: ''Converso com dois oficiais da Força Pública Paulista e um do Exército, prisioneiros em Catinguá (sic). Pelos informes que prestam, convenço-me dos seus efetivos pouco numerosos e o moral abatido das forças adversas, com a surpresa e eficácia do golpe''. Vargas usou grafia que designa uma árvore brasileira em vez de Quatiguá, do tupi, que se traduz por ''Água dos Quatis''.
Um ''piquete de cavalaria'' em missão de reconhecimento, comandado pelo tenente W. Remião na direção do Pinhal, ''onde constava existirem forças inimigas'', precedeu o ataque revolucionário previsto para a manhã de 13 de outubro de 1930 em Quatiguá. ''Ouvimos os primeiros tiros trocados entre nosso piquete e os elementos avançados do inimigo que já vinham em marcha de aproximação para nos atacar.'' Eis a síntese dos parágrafos iniciais do artigo na quarta página de A Revolução, redigido pelo tenente José Ribeiro.
Os legalistas atacaram de frente e pelos flancos, daí o ''tiroteio renhido até à entrada da noite, quando foi amainando, amainando''. Antes do amanhecer os revolucionários contra-atacaram, comandados pelo capitão Klumb, major Alcides Araújo e capitão Amaro. ''Nossas tropas atiravam e em seguida, com vivas e gritos, avançavam. Após quatro horas de tiroteio o inimigo ficou completamente desorganizado, saindo em debandada louca.''
A população retirou-se do patrimônio ao perceber os revolucionários e dos cinco comerciantes apenas dois permaneceram. Um dos abrigos foi a fazenda de Pedro Gonçalves Lopes. ''Desceu aquele povaréu e ele zelou do povo. Foi homem muito falado, o ginásio tem o nome dele'', diz Alcides Gonçalves, de 87 anos, filho de Pedro.
Estudantes anotaram depoimentos de José Horácio Bueno e Isidoro Mocelim, revelando que gaúchos ameaçaram matar Pedro e ''chegaram a fazer sepultura para enterrá-lo''. Ele fora acusado de ser ''legalista''.
Estima-se que dois mil revolucionários passaram por Quatiguá, força superior ao contingente de paulistas, cuja rendição foi assinada no dia 25 de outubro em Sengés, pelo coronel Pais de Andrade e o major Januário Rocco.
Há o memorial na Praça Expedicionário Eurides do Nascimento, ''homenagem do povo aos heróis tombados em 1930''. Dos seis mortos sepultados sob o marco, cinco eram paulistas, conforme o depoimento de Mocelim.

(*) ''Getúlio Vargas - Diário, volume I (1930-1936)'', apresentação de Celina Vargas do Amaral Peixoto - Siciliano e Fundação GetúlioVargas Editora, 1 edição -1995.

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E SE APOSSARAM DE JACAREZINHO

Vitoriosa em Quatiguá, a revolução tomou posse de Jacarezinho, a principal cidade da região, ali designando o médico Gustavo Lessa ''governador provisório do município'' e o major Guiomar de Assis Moreira, delegado de polícia. ''Dada à retidão de caráter das ilustres novas autoridades, temos certeza que o povo de Jacarezinho jamais viu tão bem garantidos os seus direitos'', proclama o comandante do 1º Batalhão de Caçadores, major Alcides Araújo, em A Revolução.
O redator do jornal é o tenente José Ribeiro e o diretor, o próprio Lessa, que havia cessado em março outra publicação, O Jacarezinho, com um editorial conclamando ''às armas'', para ''arrancar nossa querida pátria das garras de políticos egoístas, autoridades despóticas e governos gatunos''.
Governador, seu primeiro ato é homenagear os oficiais do 1.º B. C., ''as primeiras forças revolucionárias que aqui bivaquearam'', mandando acrescentar os seus nomes aos das principais vias públicas, major Alcides na Rua Paraná. E ''o povo, numa justa homenagem, deu à E.F. Ramal Paranapanema o nome de general Flores da Cunha''. Iniciativa do major Guiomar Moreira, ''muito bem aceita e aprovada pelo Comando das Forças'', mudou para Oswaldo Aranha o nome da estação Guimarães Carneiro. (W.S.)

quarta-feira, 13 de junho de 2007

REPORTAGENS RECENTES DA FOLHA DE LONDRINA



A FOLHA DE LONDRINA, publicou no dia 07 de Junho de 2007, uma reportagem tratando da Revolução de 1930, e suas implicações com a cidade de Joaquim Távora (vizinha de Quatiguá). Achei importante porque um jornal com a circulação e aceitação como a FOLHA, a atenção sobre o assunto vai ser despertada. Acredito que a região, não somente Quatiguá possam tirar proveito turistico desse evento. E tem mais despertar a atenção até nacional sobre o Norte Pioneiro significa também que algum empresário que esteja pensando em investir em algo que gere trabalho e renda se incline, conhecendo suas particularidades, a investir na região.

A reportagem foi conduzida pelo Widson Schwartz, com fotos de Evandro Monteiro.


Posso afirmar com segurança que essas trincheiras tavorenses sejam abrigos feitos pela população ou mesmo pelos soldados paulistas que debandaram apavorados com os gauchos e procuram alguns se esconder onde fosse possivel. Inclusive sei da localização de pelo menos mais um, terreno semelhante em Quatiguá, um lugar chamado "Paredão" (uma queda d´água no ribeirão Agua Limpa, no caminho para o bairro do Moquém)


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VESTÍGIOS DA REVOLUÇÃO EM JOAQUIM TÁVORA
Fundo de vale esconde ruínas de supostas trincheiras de paulistas no confronto de 1930


Joaquim Távora - Menos de 15 dias após eclodir a revolução em 3 de outubro de 1930, o general Miguel Costa deu a conhecer mensagem aos ''defensores do Catete'' - o palácio presidencial no Rio de Janeiro - alertando-os de que seria inútil resistir e lhes oferecendo garantia para que averiguassem tal evidência. Usando o termo ''convidamos'', o revolucionário sugeria ao Ministro da Guerra que enviasse aviões em reconhecimento sobre as ferrovias desde Itararé (SP), passando pelo Paraná, a Marcelino Ramos (RS), na divisa com Santa Catarina, ''podendo aterrar em nossos campos de Piraí (do Sul), Ponta Grossa e Castro, onde serão supridos, por nós, de tudo que necessitarem''.
Os aviões não seriam inutilizados, ''sob palavra de honra'', e o fim da resistência evitaria que se continuasse o ''inútil derramamento de sangue''.
Já em 14 de outubro, Getúlio Vargas recebia ''confirmação da primeira vitória importante das nossas forças'', no sentido de passar ao Estado de São Paulo, ''próximo a Jacarezinho, no Paraná''. Anotou detalhes em seu diário: ''Cinco horas de fogo, o inimigo retira-se para Carlópolis, deixando em nosso poder apreciável material de guerra e prisioneiros (entre) soldados e oficiais''. Compunham-se as forças adversárias de ''elementos do Exército e polícia paulistas'', comandados pelo coronel Pais de Andrade. ''As nossas, do 7º Batalhão de Caçadores de Santa Maria, sob o comando do Stoll Nogueira, da Brigada Etchgoyen.''
E Miguel Costa sitiou Itararé, que entra na história com a ''batalha que não houve'', porque o confronto em armas se deu ao Norte do Paraná, em Sengés, Quatiguá e Affonso Camargo - atualmente Joaquim Távora (a 52 km de Jacarezinho). Estão desaparecendo em Joaquim Távora o que se supõe tenham sido duas trincheiras dos paulistas, feitas com pedras, no fundo de um vale coberto por densa vegetação.
Para descer e subir uns 15 metros de barranco quase a prumo, o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Joaquim Távora, Joel Alvarenga, a moradora Wilma de Pizol e o fotógrafo da FOLHA Evandro Monteiro usaram corda. Retornaram com a imagem de uma das trincheiras, em grande parte destruída, mais recentemente atingida por uma árvore que tombou. Muito difícil seria chegar até à outra, tão atravancado estava o caminho.
João Mendes de Oliveira, que tem um projeto turístico envolvendo a ferrovia e já desceu no vale, também está convicto de que eram trincheiras, levando em conta relatos e a rota de tropas legalistas (ou governistas) procedentes de Ourinhos para combater revolucionários em Quatiguá, a dez quilômetros de Joaquim Távora. Improvável, porém, um combate naquele sítio mais parecendo esconderijo.
Aquela ''primeira vitória importante'' mencionada por Vargas ocorreu nos dias 12 e 13 de outubro em Quatiguá, então um distrito policial, enquanto o município de Affonso Camargo fora instalado em setembro de 1929. Pelo ramal saindo de Jaguariaíva, os revolucionários chegaram de trem, ''transpuseram a estação de Quatiguá e prosseguiram para Affonso Camargo'', relata Aureliano Leite, autor de um livro baseado em depoimentos, editado em 1931. ''Afinal, aqui (em Affonso Camargo), no dia 12 de outubro, tiveram (os revolucionários) contato com os primeiros adversários.'' (*)
A Revolução é tema da disciplina de História em Quatiguá, onde estudantes ouviram contemporâneos. Sabe-se que o prefeito Miguel Dias, de Affonso Camargo, e o político Athalyba Leonel, de Piraju (SP), ao lado dos legalistas, planejaram arrancar os trilhos em alguns pontos. Não existe, porém, registro do que sucedeu. Embora as tropas revolucionários estivessem engrossadas por catarinenses e paranaenses, afirma-se que o confronto foi entre paulistas e gaúchos, estes cinco mil, ao entraram no Paraná, segundo Miguel Costa.
De trem, os estados-maiores civil e militar da revolução e as ''tropas de vanguarda'' encontraram-se em Ponta Grossa, dia 17. Getúlio Vargas anotou: ''Passamos Teixeira Soares e, enfim, à tarde, chegamos a Ponta Grossa, segunda cidade do Paraná, próspera, ciosa das prerrogativas e independência. Baluarte do liberalismo, onde, apesar da pressão governamental, ganhamos a eleição de 1º de março. Somos recebidos com entusiástica manifestação, a maior (...) depois de sair de Porto Alegre''.
(*) ''Memórias de um revolucionário: a Revolução de 1930 - Pródromos e Conseqüências''.

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SAIU AFONSO ENTROU JOAQUIM


Na cidade que teve o nome mudado pela revolução, a estação do trem é patrimônio histórico tombado pelo Estado e a comunidade aguarda a sua restauração. ''O projeto existe há algum tempo, falta a decisão'', informa Joel Alvarenga, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Joaquim Távora, organização civil sem fins lucrativos. Entusiasmado, Joel observa que a estação é um símbolo da cidade e o projeto se encontra na esfera estadual.
No calendário (''folhinha'') com propaganda de estabelecimentos locais, o atrativo é a imagem da estação, construída em 1923, mas ostentando uma placa em que se lê a inauguração em 27 de setembro de 1926. De madeira, é muito semelhante à que existia em Wenceslau Braz.
Tavorense de 1942, neta do torneiro-mecânico Franz George Witzel, que chegou em 1929 para trabalhar na serraria de Affonso Camargo, Elga Oliveti Moreno sabe que a cidade ''começou em volta da linha; meu sogro era carroceiro e pegou o restaurante da estação em 1939, meu marido nasceu lá''. Outra que se entusiasma com a estação é Vilma De Pizol, que tinha dois anos ao chegar à cidade e recorda o embarque de gado no trem, na década de 50. ''A cidade terá uma referência turística se a estação for restaurada'', acredita Vilma.
Atualmente o município tem 9.600 habitantes e sua origem foi o povoado de Barra Grande, em Santo Antônio da Platina. Com o advento da ferrovia, as estações recebiam nomes de personalidades vivas, geralmente políticos. Affonso Camargo, aquela nas imediações de Barra Grande, foi homenagem ao presidente estadual (governador) de 1916 a 1920, depois nome do distrito e do município. Novamente governador a partir de 1928, Affonso foi deposto pela revolução e o general Mário Tourinho, assumindo a chefia do Estado em 5 de novembro de 1930, mudou o nome do município para Joaquim Távora, engenheiro civil e capitão do Exército morto em 1924. Mas, segundo uma ''variante'', a estação também foi denominada Getúlio Vargas.
O cearense Joaquim do Nascimento Fernandes Távora comungava os ideais positivistas dos tenentes, que queriam um Exército político e não apenas subalterno. Em Corumbá (MT) mobilizou o 17º Batalhão de Caçadores em solidariedade ao levante do Forte de Copacabana, em 1922; ao mesmo tempo, o tenente Juarez Távora, seu irmão mais jovem, era contido no Rio de Janeiro, ao tentar aderir com os cadetes da Academia Militar de Realengo. Debeladas as sedições, ambos foram presos e Joaquim desertou. Na revolução de 5 de julho de 1924, em São Paulo, na cidade bombardeada por aviões do governo Joaquim morreu em consequência de ferimentos. Tinha 43 anos.
O movimento de 24 terminou quando a Coluna Prestes se desfez, em 1927. Alguns de seus líderes atenderam ao chamado para a Revolução de 30, comandada por Juarez Távora no Nordeste. (W.S.)

PALESTRA NO COLÉGIO ESTADUAL "JOÃO MARQUES DA SILVEIRA" ENSINO MÉDIO

Em 25 de maio de 2007, estive em Quatiguá ministrando duas palestras, uma pela manhã e outra a noite, para os alunos do ensino médio do Colégio Estadual João Marques da Silveira Ensino Médio.
Foi gratificante por diversos motivos: foi nesse colégio que cursei o antigo segundo grau técnico, me formei em 1988; foi aqui que iniciei minha carreira no magistério dando aula de História; percebi que o assunto agradou e despertou a curiosidade dos alunos e professores; pude dirrimir duvidas auxiliando na dissolução de alguns equivocos correntes sobre a história que conheço de Quatiguá e do Norte Pioneiro.
A palestra versou sobre o "Combate de Quatiguá", apresentei os resultados preliminares de quase um ano de pesquisa que tenho conduzido, inicialmente de forma particular e prospectiva, agora como parte do PDE da Secretaria de Estado da educação do Paraná e Universidade Estadual de Londrina - UEL. Acredito que tenha sido a primeira vez que alguem apresentou tais informações reunidas sobre esse importante acontecimento da história paranaense e do Brasil.
Espero que surjam as histórias e as memórias pessoais, as narrativas e retornem as lembranças fazendo a história local ser valorizada.
Aproveito para publicar uma foto de 1950 do Colégio e que me foi enviada pela Telma Beck em 27 de abril deste ano. a foto da Estação em 1950 também foi enviada por ela nesta data.
A fachada não mudou muita coisa, é um projeto de construção padronizado e foi executado durante o primeiro governo de Moysés Lupion, construções escolares identicas a esse prédio são encontradas em diversas cidades do Estado. Conheço construções similares em cidades diversas como Jacarezinho, um prédio de dois andares, em Curitiba e um outro em Ponta Grossa, bem proximo da antiga oficina de manutenção da Rede Ferroviária.
Pelo que me lembro e me contaram, a construção foi em duas fases, inicialmente foram construidas a frente com as salas administrativas, as salonas dos cantos, duas salas menores e os banheiros ( o interesante sempre foi que do banheiro masculino se enxergava o feminino e vice versa, quando eu estava no colegial inventaram um biombo para o banheiro das meninas). Posteriormente fizeram mais quatro salas. Uma linha divisória das duas fases da construção podem ser perfeitamente identificadas.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Estação Quatiguá em 1985

Imagino que 1985 tenha sido um bom ano em Quatiguá, se é que me lembro, esta foto foi a primeira foto aérea da cidade que eu me lembro, tive um trabalho tremendo para consegui-la, não sei se a peguei com o Adalton Rodrigues quando ele tinha uma loja por lá. Mas é possivel ver o antigo campo ao lado da ferrovia, em minha opinião o campo deveria ter ficado lá mesmo. A estação o pátio ferroviário, foi um ataque a história e a memória da cidade a demolição da estação e do armazem do Instituto Brasileiro do Café. Espero que consigamos reconstruir ao menos a estação em breve.
Placa colocada no monumento aos mortos no Combate de Quatiguá, situada na Praça Expedicionário Eurides Fernandes do Nascimento, naquela cidade (Foto: Prof. Roberto Bondarik - Julho/2006)

Disponibilizo aqui um texto retirado do livro Memórias de Um Revolucinário, escrito por Aureliano Leite, publicado em 1931 e reeditado em 1950. Ele não é o único a se referir e descrever o Combate de Quatiguá. Existem diversos outros livros, revistas e jornais da época que registraram e descreveram o combate. Mas este foi o primeiro que consegui através da Linda dos Santos Nogueira, que trabalha na Prefeitura de Quatiguá, e que há tempos se preocupava com o assunto.
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MEMÓRIAS DE UM REVOLUCIONÁRIO

LEITE, Aureliano. Memórias de um revolucionário: A Revolução de 1930, Pródromos e conseqüências. lª edição. s/l. 1931.

Sucedem-se combates em toda a linha divisória de São Paulo – Paraná
Nas margens paranaenses, dos rios Paranapanema, Itararé e Ribeira do Iguape, desenrolam-se os primeiros encontros sérios.
Afirma-se que Itararé, fortificada pela própria natureza, robustecida pelas minas da entrada, atrás da qual há oito mil legalistas que dispõem de aviões do bombardeio e manejam peças inúmeras de todos os calibres, sem contar as centenas de metralhadoras, carros de assalto, granadas de mão e até gazes asfixiantes... se afirma ser Itararé intransponível.
Mas as tropas regulares dos revolucionários, que só agora se avizinham, já divisaram outros pontos por onde tentar o ingresso.
E por sua vez dispõem d mais de trinta mil homens com terrível preparo, forrado de todo o seu ardor de pretendidos libertadores da República, presa do perrepismo.
Seu grito de guerra é ainda uma homenagem ao presidente sacrificado: “Viva João Pessoa”.
Uma das estações radiográficas de Buenos-Aires anuncia que se processa na linha divisória de São Paulo até hoje na América do Sul.
Mil e uma bocas aterradas, enquanto o comunicado oficial fala em derrota dos revolucionários em Itararé, trazem, numa corrida para São Paulo, minúcias da luta travada às portas de Ourinhos. Os revolucionários entram em cunha por entre uma coluna legalista, formada da polícia e de legionários paulistas que os foram atacar em Colônia Mineira. Partem-na ao meio e envolvem a metade do lado do Paraná, aniquilando-a.
Mulheres gaúchas pontilhamos grupos dos revolucionários.
No resto da coluna paulista salteia o pânico. Atravessam em debandada a ponte sobre o Paranapanema, trazendo na fuga os retaguardianos que guarneciam Ourinhos.
Mas os revolucionários não querem ocupar Ourinhos. Poderiam entrá-la em desfile, com banda de música, tambores e clarins, à vanguarda. Obedecem, porém, a um plano geral de assalto que não lhes consente avançar demais.
A notícia da derrota voa à concentração dos legalistas em Piraju, Itapetininga e demais. Acodem os legalistas com três a cinco mil homens, das 4 armas. Reguarnecem Ourinhos. Destroem a imensa ponte recém construída. E aguardam do lado de São Paulo os invasores.
Do Norte sente-se a impressão de que as coisas pretejaram tanto que nem mais é objeto dos comunicados oficiais. Apenas incidentemente se vae apercebendo o que lá ocorre de verdade.

21 de Outubro (...) Loja de ferragens da rua de São Bento, havia um grupo, em torno de um magricela fardado. Ouviam-no atentamente, apesar da cautela.
O caixeiro que me servia era um “camarada”. Improvisou uma cena demorada de escolha do objeto, murmurando-me de início:
- Veja e ouça.
E eu vi um tenente governista que trazia ares de derrota estampados na cara comprida e amarela e nos gestos. E ouvi quase toda a sua narrativa. Chegara de Itararé, havia duas horas. Aquilo se tornara um inferno. Os riograndenses estão conquistando a entrada. Bombardeiam horas a fio tremendamente as posições legalistas. Depois crescem, com armas brancas, cortantes como navalhas. Caem muitos sob a metralha da legalidade, mas os remanescentes, aos gritos, transpõem os cadáveres dos companheiros e acabam conquistando, corpo a corpo, os lugares visados. Na legalidade já há desânimo e medo. Os invasores são em dezenas de milheiros. Já refizeram mal e mal a ponte e atravessam o rio. Também em Ourinhos ocorrem duelos pavorosos, sempre com o sucesso dos revolucionários, que restauraram a ponte sobre o Paranapanema e dão combate em território paulista. Ele, tenente, não volta mais para o Cambucí. Revolta o procedimento dos próceres, que põe a frente. Prefere morrer aqui a fome e frio, num xadrez do Cambucí. Revolta o procedimento dos próceres, que põe na frente os ingênuos reservistas e os estúpidos estrangeiros, húngaros e alemães.

(...) Cruzo no caminho com um conhecido que chegara de Itararé. É pessoa absolutamente idônea. Dou pela veracidade do seu depoimento o meus aval.
De agora em diante cedam logar à história nua e crua os boatos com relação ao que se passou no Sul, das portas do estado de São Paulo ao Rio Grande. E dispam-se os heroísmos da ficção para que apareçam os lanços humanos com suas fraquezas, Aliás, dês do cap. X ao XVIII, limitei-me a colecionar boatos.

Concateno e redijo os magníficos apontamentos que se me ofereceram. Falem eles a verdade.
O presidente Getúlio Vargas, investido de chefe supremo das hostes revolucionárias, fixara-se desde 11 de outubro em Ponta Grossa, Paraná, a cem quilômetros de Itararé. Rodeiam-no suas casa civil e militar. Ficara no governo do estado do Rio Grande do Sul Osvaldo Aranha. O exercício pertencia ao vice-presidente, deputado João Neves da Fontoura. Mas este preferira incorporar-se às forças combatentes.
Comanda o estado maior do Exército libertador o coronel Gois Monteiro. Serve-lhe de ajudante o cap. Ricardo Hall.
A frente onde o Paraná acaba e São Paulo começa foi dividida em três pedaços, repartidos pelo cap. Alcides Etchegoyen, major Miguel Costa e tenente João Alberto.
Ao cap. Etchegoyen tocou a região em face do Paranapanema e seu ramal férreo. Alcança de Cambará em frente de Salto grande, à Jaguariaíva, em frente de Itararé. Pela linha da fronteira, compreende Cambará, Jacarezinho, Ribeirão Claro, Jaboticabal, Carlópolis, Colônia Mineira, Boa Vista e Jaguariaíva - localidades paranaenses mais ou menos paralelas às seguintes paulistas? Salto Grande, Ourinhos, Piraju, Fartura, Itaporanga e Itararé. Seus homens, atingem a casa de 2.000. São eles: 1º B.C., tirado de tropas da Carta Geral da Brigada Gaúcha e do 9º B. C., capitaneado pelo major Alcides de Araújo; 2º B.C., composto de contingentes de 1º e 7º R.I., comandado pelo coronel Nestor da Silva Soares; 3º B.C., formado por elementos do 1º e 8º R.I., dirigido pelo tem. Cel. Olímpio dos santos Rosa; e um agrupamento misto, onde havia um batalhão de caçadores, uma bateria de artilharia e três companhias de metralhadoras pesadas.
Segue-se a região ocupada pelo antigo major da cavalaria paulista Miguel Costa, general para os revolucionários. Começa onde acaba a jurisdição de Etchegoyen e abrange toda a zona fronteira ao campo entrincheirado de Itararé. Forma como que o tronco da vanguarda, apoiada sucessivamente em Pirai, Castro e Ponta Grossa, onde se localizou o comando supremo. Conta com efetivo de 8.000 cabeças. O seu estado maior foi entregue ao major Mendonça lima. O maior destacamento desse grupo esteve sob a chefia do coronel Silva Júnior. Era este justamente que atuava na direção de Itararé. O segundo, que se compunha de 1.100 cavalarianos gaúchos, chefiou-o o deputado Flores da Cunha. O terceiro era comandado pelo major Alexino. Trazia, entre outros homens, a cavalaria paranaense. E o quarto estava sob as ordens do deputado Baptista Luzardo que, seguido de toda a irmandade, trocou logo o jaquetão pelo dólmã. Entre as unidades que compunham o setor M. Costa, destacam-se o 15º B. C. de Curitiba, sob ordens do cap. Gualberto, o batalhão Quim Cezar, 1º B. do 8º R., 13º R,I. ou batalhão Oldemar, batalhão Pleysani, todos apoiados por uma bateria de 12 canhões de 75 milímetros.
No extremo da linha de frente, terceiro pedaço, para as bandas do mar, desde Jaguariaíva até a Guaraquessava, jazeram as forças que obedeciam ao tenente João Alberto Lins Barros, promovido pela Revolução ao posto de coronel. Abrangia este setor Jaguariaíva, Serro-Azul, S. Miguel, Campina Grande e Guaraquessava, logares paranaenses correspondentes aos paulistas Itararé, Capela da Ribeira, Iporanga e Cananéa.
Eram 5.100 soldados. Precederam-nos elementos de emergência guiados pelo tenente Braga, em Capela de Ribeira, e cap. Vicente Mário de Castro, na zona litorânea. Aqui, o coronel Nestor Viríssimo, dos libertadores sul-rio-grandenses, operou com algumas centenas de homens. O comando da coluna repartia-se pelo coronel Valdemiro de Lima.
Aí fica, na dezena e meia de milhares de homens da vanguarda revolucionária, a sua localização em frente do inimigo, que desceu de São Paulo para combatê-los.
Havemos de ver, daqui a pouco, o que se desenrolou em toda essa faixa fronteiriça de quase quatrocentos quilômetros que se estendem de Salto grande à Cananéia. E direi, nessa hora, e que foram os combates de Catinguá (Quatiguá), Murungava e Sengés.
(...) Acrescente-se que o cel. Galdino Esteves, o qual nunca largou um minuto o chefe Getúlio, era o seu assistente militar, em Ponta Grossa. (...) E finalmente, que pelos dados do cap. Raul Seidl, ajudante de ordens de João Alberto, os homens em armas, no Sul, contra São Paulo eram 30.400, assim distribuídos: com M. Costa 7.800; com João Alberto, 5.100; com Etchegoyen, 1.800; e em reservas embarcados em 108 trens ao longo da E.F.S.P.R. Grande, 15.700 homens.

(...) Repartidos pelos três setores havia os legionários, catados em todas as classes, inclusive entre os estrangeiros. Pode-se em fim dizer, sem erro grande, que na frente do Sul se esparramavam catorze mil homens da legalidade assim classificados: polícia paulista, 8.000; Exército, 3.500; legionários, 2.500.
Postam-se agora os adversários uns em frente dos outros.
Afora escaramuças, menos dignas de registro no alinhavado destas crônicas, quantas vezes se chocaram e como a briga se desenvolveu? Direi já. Catiguá (Quatiguá), Sengés e Morungava – eis os três únicos combates travados às portas do estado de São Paulo, onde aliás se processou a maior concentração de soldados da história.
Comece-se pelo de Catiguá (Quatiguá). Aqui brigou a gente de cap. A Etchegoyen com a do setor de Salto Grane, que ia até a Colônia Mineira. Bateram-se pelo governo o cor. Sandoval e o major Agnelo de Souza.
O destacamento do cap. Etchegoyen destinava-se centralmente a forçar a entrada de São Paulo, por Ourinhos, assenhoreando-se, antes, do vale do Paranapanema. Foram os primeiros combatentes revolucionários que se aproximaram da fronteira. Por isto, os que primeiro se mediram com os que desceram de São Paulo. Atingindo a estação férrea de Jaguariaíva, onde a estrada se bifurca, deixaram a direção de Itararé para a direita e rumaram para Colônia Mineira, à esquerda. Atingiram-na sem tropeço. E não perderam tempo. Continuaram avançando, sempre pela via-ferrea. Transpuseram a estação de Catiguá e prosseguiram para Afonso Camargo. Afinal, aqui, no dia 12 de outubro, tiveram contato com os primeiros adversários.
Estes, passando por Cambará e Platina, já tinham esmagado os núcleos revolucionários locais, improvisados pelos paulistas Coriolano de Lima, Bráulio Barbosa e outros elementos democráticos.
A vanguarda revolucionária, batida entretanto, retrocedeu para Catiguá (Quatiguá), reunindo-se a seus companheiros do 1º e 2º B.C., acampados nas cercanias da estação.
O cap. Etchegoyen, como grosso de suas tropas postava-se na retaguarda, alturas da estação Wenceslau Braz.
Os paulistas foram atacar o inimigo em Catiguá (Quatiguá), no mesmo dia 12. A arremetida desenrolou-se rija e demorou horas. Interrompeu-a a noite. Na antemanhã de 13 a legalidade renovou a agressão. E teria destroçado o seu adestrado contendor, se este não fosse imediatamente socorrido pela retaguarda da estação Wenceslau Braz, que fechou, em trem, para Catiguá (Quatiguá).
Mas os revolucionários tornaram-se então num conjunto de 2.000 homens. Mesmo com os reforços recebidos, durante a noite de 12, de Carlópolis e Afonso Camargo (atual Joaquim Távora) a legalidade, ficara inferior em homens. Quantitativa e qualitativamente falando, pois a metade de sua ente era novata no ofício. Também em armas distingui-se por notável desvantagem.
Mas, enquanto o cap. Etchegoyen, chefe valoroso, premia de chapa a legalidade, o 7º R. I., que formava ao flanco direito do conjunto revolucionário, se adianta e executa movimento envolvente em torno do inimigo. Emboscado num cafezal e protegido pela artilharia revolucionária (6º R.A.M.), o 7º R.I. viu a sua acção coroada de pleno êxito. Entre o fogo de Etchegoyen, no peito, e o do cap. Achlling, nas costas, o destacamento de São Paulo desarticulou-se, bipartiu-se e retirou-se com fortes perdas. Agnelo, para Piraju, atravessando o rio Itararé. Sandoval, para Ourinhos, transpondo o rio Paranapanema. O Paraná ficou limpo da legalidade. Esta destruiu um pedaço da ponte de Ourinhos. E do lado de cá, agora reforçado, aguardou os invasores que prometiam investir por Chavantes.
Cifrou-se nisso o combate de Catiguá (Quatiguá). No setor de Etchegoyen, nada mais ocorreu até 24 de Outubro.

O segundo combate foi em Sengés.
Eis a acta da convenção de Sengês, que pôs termo à luta no Meio-dia: -

- Quartel General, em Sengés, 25 de Outubro de 1930 – ACTA PROVISÓRIA – Aos vinte e cinco dias do mês de Outubro de mil novecentos e trinta, reunidos em conferência os senhores generais Migue Costa, comandante do Grupo de Destacamento “Miguel Costa”; Flores da Cunha, comandante do Dest. “Flores”; dr. João Neves da Fontoura, vice-presidente do estado do Rio grande do Sul; coronel Baptista Luzardo, comandante da “Brigada Luzardo”; coronel Mendonça Lima, chefe do Estado Maior do Grupo de Destacamentos; coronel Silva Júnior, comandante do Destacamento “Silva Júnior”; maior Juvêncio, chefe do Estado Maior desse destacamento; capitão Ricardo Hall, representante do Grande Quartel General; coronel Pais de Andrade, comandante das forças adversárias, e major Januário Rocco, chefe de serviço topográfico do Destacamento “Pais de Andrade”, no Quartel General do Grupo de Destacamentos, em Sengés, acordam o seguinte:
a – ficam, desde esta data, terminadas as hostilidades;
b – o coronel Pais de Andrade mandará retirar das trincheiras todas as tropas, recolhendo-as aos acantonamentos e bivaques;
c – mandará recolher os legionários a Itararé, onde serão desarmados e o armamento recolhido à estação de Itararé à disposição do representante do general Miguel Costa;
d – convidará em nome do dr. Getúlio Vargas, presidente da República, os seus oficiais e praças para aderirem à revolução, sendo imediatamente incorporados ao Exército Libertador os que aceitarem;
e – satisfeitas as cláusulas anteriores seguirá imediatamente para Ponta Grossa onde conferenciará com o coronel Gois Monteiro;
f – a vanguarda do Grupo de destacamento seguirá para Itararé logo depois da chegada lá do coronel Pais de Andrade;
g – os depósitos de munição de Itararé serão entregues ao comandante dessa vanguarda;
h – o coronel Pais de Andrade não se responsabiliza pelo que tenha sido feito em sua ausência. – (a.a.) General Miguel Costa, general Flores da Cunha, coronel Baptista Luzardo, João de Mendonça Lima, H. R. Hall, major Juvêncio Fraga, Leonardo de Campos, Pais de Andrade e Januário Rocco.

domingo, 3 de junho de 2007

Estação Quatiguá - Década de 1950

[ESTAÇÃO DE QUATIGUÁ-PR / Década de 1950]

A cidade de Quatiguá cresceu no entorno da Estação Ferroviária. Como neste ponto inicia-se uma longa subida para os trens, ou melhor iniciava-se pois não passa mais trem pelo Ramal do Paranapanema, na estação existia um ramal para virar as locomotivas. Parte desse ramal pode ser vista nesta foto da década de 1950. Há também uma grande locomotiva estacionada em frente. Realmente uma bela foto.
DOUTOR JOÃO PESSOA
[Presidente da Paraiba e candidato a vice na chapa de Getúlio Vargas]
Em 1930 deveriam existir poucas ruas em Quatiguá. Aalgumas foram batizadas ou rebatizadas com nome relacionados à Revolução. É bem possivel que tenham sido dados os nomes pelos próprios combatentes gauchos e paranaenses. É o caso das ruas Tenente Ivo, Capitão Osman e Avenida Doutor João Pessoa.



Algumas fotos antigas de Quatiguá. Conforme me disseram esse pode ser o primeiro trem lá chegou na década de 1920.